Três meses depois do último post, a pessoa vem só aqui dizer que está viva. Moderadamente viva. Só quando sair de casa sem uma máscara na mão é que me vou sentir bem viva outra vez. Nos entretantos, já matei algumas saudades de Lisboa. Não muitas, apenas as possíveis. Já fui de férias (cá dentro), fiz muita praia e li com a ânsia de terminar todos os livros de todas as bibliotecas do mundo. Também comi gelados como se não houvesse amanhã. Depois, regressei. A minha (...)
Começou pelas pessoas. Na hierarquia de importâncias, as pessoas têm de vir primeiro e assim foi. Embora umas mais do que outras, as pessoas foram marcando presença nesta temporada atípica.
Então e a cidade, a minha cidade? Como se comunica com uma cidade sem sair de casa?
Não se comunica. A cidade não tem número para telefonar, nem uma só morada para onde escrever. A cidade não faz vídeochamadas. Quanto muito, vamos vendo, à distância, pedaços que alguém fotografou ou (...)
Lembram-se quando vos contei aqui que estava em casa há duas semanas? Já se passaram cinco. Podia dizer-vos que estou transformada numa pessoa melhor e que estou altamente produtiva e criativa. Afinal não é isso que as frases bonitas que vemos por aí pregam todos os dias? Eu adoro ser positiva e esperançosa mas antes disso gosto de ser (...)
A minha mãe decidiu que queria fazer crochet. Já não fazia há muito tempo, tem saudades de algo que não a obrigue a ficar agarrada a um ecrã (como a compreendo!) e, vai na volta, começou a remexer em tudo quanto são caixas e caixinhas, à procura do material. Encontrou as agulhas e um pequeno novelo branco. À partida servia para treinar. Acontece que a minha mãe é uma pessoa extremamente jeitosa em tudo o que envolve trabalhos manuais, o que me faz questionar se serei (...)
Em tempos de quarentena, quero partilhar um belíssimo excerto de um dos últimos livros que li: a máquina de fazer espanhóis, de valter hugo mãe. Valter Hugo Mãe é um dos meus escritores favoritos já há alguns anos, pela forma realisticamente poética como se expressa sobre aquilo que é a vida, o amor e o sofrimento. Neste livro, conhecemos o senhor Silva que depois de ficar viúvo, aos 84 anos, vai viver para um lar. Durante este período, para além de pensar na sua vida e de (...)
Entrámos no horário de verão!!! Sim, eu vibro com isto, é coisinha para estar assinalada no meu calendário e tudo. Na verdade, todo o meu calendário de Março era extremamente promissor. Uma formação na área da Meditação, uma viagem a Amesterdão, jantares, passeios, exposições, aniversários... e ali no último domingo do mês, a lembrança da mudança de horário. Dá sempre aquele calorzinho só de pensar em dias maiores, mais horas de sol, mais fins-de-tarde para saborear. A (...)
Faz hoje duas semanas que cheguei a casa e pousei portátil da empresa na minha secretária, ainda de cabeça a andar à roda com muitas dúvidas sobre como é que isto da quarentena ia ser. Houve um tempo em que trabalhei em casa, a paginar livros para uma Editora, corria o belo ano de 2014. Não foi há uma eternidade, mas juro-vos que para mim, foi numa vida passada. Na altura, não adorei ficar em casa. Tinha acabado de sair de um projeto em que entrevistava turistas no (...)
Já pensaram no medo que temos em falar com estranhos na rua? OK, os extrovertidos poderão responder "medo? que medo?". Ótimo para vocês, a sério. Comigo não é assim e sei que não estou sozinha neste tema. Sinto uma certa desconfiança, um desconforto que me faz evitar trocar mais do que o ar que nos rodeia. Há uns dias fui abordada, praticamente à porta de casa, por uma pessoa que me pediu indicações em inglês. Eu respondi educadamente e expliquei-lhe as direções. (...)
O que é a Educação? De que forma é que pode influenciar-nos ao longo da vida? Pode haver mil e uma respostas a estas questões, mas garanto-vos que vale a pena conhecer as de Tara Westover. Uma Educação é a história de uma menina que nunca foi vacinada, não tinha certidão de nascimento e só entrou numa escola aos 16 anos de idade. Tara cresceu no seio de uma família numerosa, empreendedora e imensamente agarrada às suas ideologias, que vão muito além da religião - o Mormonismo. Devo dizer que gostei muito da
Há um lugar, na minha rua, onde gosto especialmente de ver o sol nascer. Talvez ninguém lhe ligue nenhuma, a verdade é que alvorada após alvorada não vejo vivalma a passar por ali. Permito-me, assim, sentir que sou espectadora única, sortuda, afortunada, privilegiada por assistir a este espectáculo ao vivo e a cores - e que cores! Sempre fui fascinada pelo pôr do sol, mas o amanhecer está a roubar-me o coração a cada novo dia e o seu poder é inegável. Decidi começar a (...)