Dentro da fotografia #1
Ela lia para ele todos os fins de tarde, sobretudo poemas. Com o tempo e o ritmo necessários, encontravam um recanto e esqueciam tudo o resto. Ele admirava-a pela sua dedicação. Por vezes, já mal ouvia as palavras delicadas, que ambos tinham escolhido a dedo. Não importava. Nada era mais belo do que aqueles grandes olhos cor de avelã que brilhavam a cada virar de página, aquele meio sorriso que não conseguia disfarçar, o franzir da testa, o gesto de ir colocando o cabelo atrás da orelha... As pessoas passavam por eles e paravam para ver aquele carinho contagiante, uma beleza digna de ser observada.
Eram eles, o poema.