Os meus livros em 2017 // Parte 1
Já estamos em 2018 e Ano Novo que se preze vem cheio de retrospetivas do seu antecessor. Como tal, deixo-vos aqui a primeira parte dos livros que li em 2017, de forma resumida e por ordem cronológica, como manda o calendário. Vamos a isso?
Comecei o ano com uma obra que já queria ler há anos: O Ano da Morte de Ricardo Reis. Primeiro, para dar outra oportunidade a Saramago (depois do Memorial do Convento) e segundo porque a premissa junta Fernando Pessoa e o heterónimo Ricardo Reis, logo, tinha tudo para ser bom. Pois bem, é de facto um bom livro, com excelentes caracterizações, ideias fervilhantes e descrições bem reais da Lisboa de Pessoa. Ainda assim, sou adepta do princípio "menos é mais", e foi só por isso que o livro não entrou para a lista dos meus preferidos.
O Ano da Morte de Ricardo Reis. José Saramago. (2017) Porto Editora.
Investi também em leituras de desenvolvimento pessoal, que fui intercalando com os habituais romances. O primeiro livro desta temática foi o icónico O Monge Que Vendeu o Seu Ferrari, de Robin Sharma. E que belo início! Fiquei absolutamente encantada com todos os ensinamentos desta obra. Tão sucinta e ao mesmo tempo tão bem conseguida. Experimentem lê-la com um bloco de notas ao lado e vão entender o que quero dizer. É daqueles livros especiais, para ir revisitando de tempos a tempos.
O Monge que Vendeu o Seu Ferrari. Robin Sharma. (2009) Pergaminho.
Entretanto, li as quase 600 páginas d'Os Interessantes, da escritora Meg Wolitzer, incrívelmente rápido, sempre à espera daquele momento em que me ia surpreender, arrepiar, transpirar, qualquer coisa! Aquele momento que iria fazer com que toda esta azáfama valesse a pena. Mas, para minha tristeza, isso não aconteceu... Não se pode agradar a toda a gente, nem todos os livros são tão interessantes como os pintam (literalmente!).
Os Interessantes. Meg Wolitzer. (2014) Editorial Teorema.
Prossegui para uma história mais inspiradora, a única auto biografia da minha lista: A Minha Vida e as Minhas Experiências com a Verdade, de Gandhi. O seu percurso de vida é contado na primeira pessoa, em paralelo com a evolução política e social da Índia. Pode ser um pouco complexo para quem não está familiarizado com a cultura indiana, contudo Gandhi transmite na perfeição os seus valores tão simples e puros. É um verdadeiro exemplo para toda a humanidade, um ser humano incrível que passou por situações inimagináveis e que nem assim perdeu a sua bondade.
A Minha Vida e as Minhas Experiências com a Verdade. Mohandas K. Gandhi. (2006) Bizâncio.
Como nem tudo são rosas, encontrei um espinho n'As Altas Montanhas de Portugal. Ora, este autor nem precisava de apresentações depois de ter escrito A Vida de Pi, mas para mim revelou-se uma dolorosa desilusão. Deparei-me com uma escrita cansativa, cheia de pormenores enfadonhos, até encontrar alguns momentos mais satisfatórios na terceira e última parte do livro. A história, no geral, é demasiado mórbida para o meu gosto, sem grande fluidez, por isso, não me conquistou.
As Altas Montanhas de Portugal. Yann Martel. (2016) Editorial Presença.
Voltando ao mundo da espiritualidade, apostei na emblemática obra de Herman Hesse: Siddhartha, um poema indiano. E não me desiludi, nem por sombras! A história de Buda já não era nova para mim, mas existem sempre formas diferentes de contar a mesma história. Este livro foi exatamente o que eu esperava, uma fábula doce e profunda com grandes lições de vida.
Siddhartha, um poema indiano. Herman Hesse. (2013) Dom Quixote.
Eis senão quando, tropeço num livro que encosta todos os outros a um canto. O Que Não é Teu Não é Teu merece realmente um lugar de destaque, por ser o mais diferente, o mais criativo, o mais genial dos que li em 2017. A escritora nigeriana, de quem eu nunca tinha ouvido falar, ganhou todo o meu respeito e admiração. Este é o tipo de contos que queremos encontrar para nos esquecermos das regras e das horas.
O que não é teu não é teu. Helen Oyeyemi. (2016) Elsinore.
Voltei a ler Robin Sharma, num registo diferente, com mais personagens e ambientes distintos. O Santo, O Surfista e a Executiva têm todos conselhos valiosos para partilhar. É versátil o suficiente para se adaptar às várias fases da vida de uma pessoa, o que o torna muito interessante e inspirador também. Para mim, não supera o Monge Que Vendeu o Seu Ferrari, mas também ele é especial.
O Santo, o Surfista e a Executiva. Robin Sharma. (2004) Pergaminho.
Continua... num próximo post!
Enquanto isso, contem-me cá: quais foram as vossas maiores surpresas e desilusões literárias de 2017? Gostavam de saber mais sobre algum destes livros?