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Letra Éme

uma série de devaneios meticulosamente desordenados

Letra Éme

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Os meus livros em 2017 // Parte 1

M., 08.01.18

Já estamos em 2018 e Ano Novo que se preze vem cheio de retrospetivas do seu antecessor. Como tal, deixo-vos aqui a primeira parte dos livros que li em 2017, de forma resumida e por ordem cronológica, como manda o calendário. Vamos a isso?

 

Comecei o ano com uma obra que já queria ler há anos: O Ano da Morte de Ricardo Reis. Primeiro, para dar outra oportunidade a Saramago (depois do Memorial do Convento) e segundo porque a premissa junta Fernando Pessoa e o heterónimo Ricardo Reis, logo, tinha tudo para ser bom. Pois bem, é de facto um bom livro, com excelentes caracterizações, ideias fervilhantes e descrições bem reais da Lisboa de Pessoa. Ainda assim, sou adepta do princípio "menos é mais", e foi só por isso que o livro não entrou para a lista dos meus preferidos.

 

morte ricardo reis_saramago copy.pngO Ano da Morte de Ricardo Reis. José Saramago. (2017) Porto Editora.

 

 

Investi também em leituras de desenvolvimento pessoal, que fui intercalando com os habituais romances. O primeiro livro desta temática foi o icónico O Monge Que Vendeu o Seu Ferrari, de Robin Sharma. E que belo início! Fiquei absolutamente encantada com todos os ensinamentos desta obra. Tão sucinta e ao mesmo tempo tão bem conseguida. Experimentem lê-la com um bloco de notas ao lado e vão entender o que quero dizer. É daqueles livros especiais, para ir revisitando de tempos a tempos.

 

monge ferrari_robin sharma copy.pngO Monge que Vendeu o Seu Ferrari. Robin Sharma. (2009) Pergaminho.

Entretanto, li as quase 600 páginas d'Os Interessantes, da escritora Meg Wolitzer, incrívelmente rápido, sempre à espera daquele momento em que me ia surpreender, arrepiar, transpirar, qualquer coisa! Aquele momento que iria fazer com que toda esta azáfama valesse a pena. Mas, para minha tristeza, isso não aconteceu... Não se pode agradar a toda a gente, nem todos os livros são tão interessantes como os pintam (literalmente!).

 

interessantes_meg wolitzer copy.pngOs Interessantes. Meg Wolitzer. (2014) Editorial Teorema.

 

Prossegui para uma história mais inspiradora, a única auto biografia da minha lista: A Minha Vida e as Minhas Experiências com a Verdade, de Gandhi. O seu percurso de vida é contado na primeira pessoa, em paralelo com a evolução política e social da Índia. Pode ser um pouco complexo para quem não está familiarizado com a cultura indiana, contudo Gandhi transmite na perfeição os seus valores tão simples e puros. É um verdadeiro exemplo para toda a humanidade, um ser humano incrível que passou por situações inimagináveis e que nem assim perdeu a sua bondade.

 

minha vida_gandhi copy.pngA Minha Vida e as Minhas Experiências com a Verdade. Mohandas K. Gandhi. (2006) Bizâncio.

 

Como nem tudo são rosas, encontrei um espinho n'As Altas Montanhas de Portugal. Ora, este autor nem precisava de apresentações depois de ter escrito A Vida de Pi, mas para mim revelou-se uma dolorosa desilusão. Deparei-me com uma escrita cansativa, cheia de pormenores enfadonhos, até encontrar alguns momentos mais satisfatórios na terceira e última parte do livro. A história, no geral, é demasiado mórbida para o meu gosto, sem grande fluidez, por isso, não me conquistou.

altas montanhas portugal_yann martel copy.pngAs Altas Montanhas de Portugal. Yann Martel. (2016) Editorial Presença.

 

Voltando ao mundo da espiritualidade, apostei na emblemática obra de Herman Hesse: Siddhartha, um poema indiano. E não me desiludi, nem por sombras! A história de Buda já não era nova para mim, mas existem sempre formas diferentes de contar a mesma história. Este livro foi exatamente o que eu esperava, uma fábula doce e profunda com grandes lições de vida.

 

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Siddhartha, um poema indiano. Herman Hesse. (2013) Dom Quixote.

 

Eis senão quando, tropeço num livro que encosta todos os outros a um canto. O Que Não é Teu Não é Teu merece realmente um lugar de destaque, por ser o mais diferente, o mais criativo, o mais genial dos que li em 2017. A escritora nigeriana, de quem eu nunca tinha ouvido falar, ganhou todo o meu respeito e admiração. Este é o tipo de contos que queremos encontrar para nos esquecermos das regras e das horas.

 

o que não é teu_helen oyeyemi.copy.png

O que não é teu não é teu. Helen Oyeyemi. (2016) Elsinore.

 

Voltei a ler Robin Sharma, num registo diferente, com mais personagens e ambientes distintos. O Santo, O Surfista e a Executiva têm todos conselhos valiosos para partilhar. É versátil o suficiente para se adaptar às várias fases da vida de uma pessoa, o que o torna muito interessante e inspirador também. Para mim, não supera o Monge Que Vendeu o Seu Ferrari, mas também ele é especial.

 

santo surfista executiva_robin sharma copy.png

O Santo, o Surfista e a Executiva. Robin Sharma. (2004) Pergaminho. 

 

Continua... num próximo post!

 

Enquanto isso, contem-me cá: quais foram as vossas maiores surpresas e desilusões literárias de 2017? Gostavam de saber mais sobre algum destes livros?

 

 

 

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