Somos todos pessoas
Já pensaram no medo que temos em falar com estranhos na rua?
OK, os extrovertidos poderão responder "medo? que medo?". Ótimo para vocês, a sério. Comigo não é assim e sei que não estou sozinha neste tema. Sinto uma certa desconfiança, um desconforto que me faz evitar trocar mais do que o ar que nos rodeia.
Há uns dias fui abordada, praticamente à porta de casa, por uma pessoa que me pediu indicações em inglês. Eu respondi educadamente e expliquei-lhe as direções. O "problema" foi quando a pessoa continuou a falar, a fazer perguntas, a querer conhecer-me. Ali, no meio da rua, daquela forma tão aleatória. Uma parte de mim queria dizer "olha, desculpa mas estou com pressa, vou andando", enquanto que outra dizia "calma, esta pessoa está só a ser simpática e a querer conversar, podias retribuir um bocado!". Assim fiz. Ainda abordámos meia dúzia de temas para um curto espaço de tempo.
Este tipo de situações não me costuma acontecer a uma segunda-feira na pausa de almoço. Até porque vivo num bairro muito pacato e já vou conhecendo as pessoas que passam na rua a determinadas horas. Mesmo assim, não é toda a gente que cumprimento. Às vezes sai um "bom dia" ou um "boa tarde", um sorriso, e segue-se caminho. Outras vezes, inexplicavelmente, até olhar nos olhos da outra pessoa custa.
Fiquei a pensar na minha reação exagerada a uma simples abordagem sem nenhuma maldade. Afinal, não somos todos pessoas? Não comunicamos todos? Uns mais do que outros, sim, não há mal nenhum nisso. O mal está em esquecermo-nos que aqui à frente e ali ao lado passam pessoas como nós.