Começou pelas pessoas. Na hierarquia de importâncias, as pessoas têm de vir primeiro e assim foi. Embora umas mais do que outras, as pessoas foram marcando presença nesta temporada atípica.
Então e a cidade, a minha cidade? Como se comunica com uma cidade sem sair de casa?
Não se comunica. A cidade não tem número para telefonar, nem uma só morada para onde escrever. A cidade não faz vídeochamadas. Quanto muito, vamos vendo, à distância, pedaços que alguém fotografou ou (...)
Lembram-se quando vos contei aqui que estava em casa há duas semanas? Já se passaram cinco. Podia dizer-vos que estou transformada numa pessoa melhor e que estou altamente produtiva e criativa. Afinal não é isso que as frases bonitas que vemos por aí pregam todos os dias? Eu adoro ser positiva e esperançosa mas antes disso gosto de ser (...)
A minha mãe decidiu que queria fazer crochet. Já não fazia há muito tempo, tem saudades de algo que não a obrigue a ficar agarrada a um ecrã (como a compreendo!) e, vai na volta, começou a remexer em tudo quanto são caixas e caixinhas, à procura do material. Encontrou as agulhas e um pequeno novelo branco. À partida servia para treinar. Acontece que a minha mãe é uma pessoa extremamente jeitosa em tudo o que envolve trabalhos manuais, o que me faz questionar se serei (...)
Já pensaram no medo que temos em falar com estranhos na rua? OK, os extrovertidos poderão responder "medo? que medo?". Ótimo para vocês, a sério. Comigo não é assim e sei que não estou sozinha neste tema. Sinto uma certa desconfiança, um desconforto que me faz evitar trocar mais do que o ar que nos rodeia. Há uns dias fui abordada, praticamente à porta de casa, por uma pessoa que me pediu indicações em inglês. Eu respondi educadamente e expliquei-lhe as direções. (...)
O processo de escrita é uma coisa complexa. Em primeiro lugar, porque temos tendência para imitar outras pessoas até conseguirmos encontrar a nossa própria voz, o que parece uma coisa mesmo horrível, não é? Bom, não é assim tanto. Na realidade, vivemos super influenciados pelas coisas e pessoas que nos rodeiam e por conceitos já formados na nossa mente dos quais nem nos apercebemos. Calma. Está tudo bem. É mesmo assim.
De facto, isto de deixar a nossa pequena pegada no (...)
Começa pela letra éme, mas não é de todo associada ao nome deste espaço. Mesmo assim, não deixa de fazer parte de mim, de ti, de tudo e de todos. Falo da morte. Como encará-la? Como consolar a tristeza que nos deixa? Quanto tempo demora a sarar as feridas que causou? Onde descobrir as razões, os motivos? ( Continuar a ler ) Ericeira, Junho 2018.
Criei o Letra Éme dia 16 novembro, quase no fim de um ano que foi muito bondoso para mim. A minha maneira de agradecer e de retribuir todas as coisas bonitas que me aconteceram foi dar um pouco de mim também e arranjar coragem para me expor de uma forma que ansiava há muito, muito tempo. Deixei de lado o medo e a vergonha, típicos de quem está prestes a "falar" em público, tirei algumas ideias da caixa, passei para a concretização e aqui estás tu a ler-me. Às vezes (...)